Mistério
Nas horas de luz (o coração em silêncio),
em que pesam estrelas dormidas no céu,
quando o ventre da terra evola-se em incenso
vislumbro um rosto – que não é o meu.
Será o da água que lavou o meu olhar?
Ou da prece, que aos céus se elevou?
Eu não sei. Quem sabe seja um reflexo do olhar
de um rosto que amei, que aos céus se doou.
Que sensação é essa, doce, intangível,
quando em total consciência me faço invisível
e caminho por um espaço que não é o meu?
Tenho a bagagem revistada
por um rosto que me sabe a uma longa estrada
e desperto então com saudades de Deus.
(Direitos autorais reservados. Lei 9.610 de 19.02.98)