ESCRAVO DA POESIA

ESCRAVO DA POESIA

Silva Filho

Já fui livre percorrendo mil caminhos

Já ousei enfrentar os furacões

Colhi rosas protegidas por espinhos

Na bastilha reagi, quebrei grilhões.

Já passei pelas sendas escabrosas

Um corcel tomei como montaria

A paixão externei nalgumas prosas

Mas escravo, hoje sou, da Poesia.

Por capricho duma musa sorrateira

Só poemas moldam minha cabeceira

Compelindo o meu sonho à prisão.

Numa ilha circundada pelos versos

Minha vida incrustada nos reversos

Não distingue o poema da paixão.