SIMULACRO

SIMULACRO

Silva Filho

Rasgue-se o véu do lúgubre cenário

Rasguem-se as vestes invisíveis

Mexam-se espectros insensíveis

Na sombra do inútil lampadário.

Mordam-se as bocas dos amantes

Línguas enroscadas qual serpentes

Comam-se as carnes coniventes

Fundam-se os corpos cavalgantes.

Cruzem-se palavras indecentes

Troquem-se olhares nas sacadas

Clonem-se paixões subjacentes.

Movam-se as sombras desnudadas

Voem pensamentos recorrentes.

-- No palco... só as flores amassadas.