A ESTÁTUA DE UM DESENHO
Exposta ao tempo e ao vento, ela não fala,
O artista dela tão somente vi-o,
A desenhá-la quando estava frio,
Embora em ferro não possa tocá-la.
Em volta dela tinha um grande rio,
E só num tiro efémero de bala,
A pistola queria então beijá-la,
O desenho parado, apenas, li-o.
O sol, a negra sombra sempre vence-o
E em cima dela tinha uma águia
Que pousava na imagem do silêncio!
Pese a guerra, de longa vista alague-a,
Parecia uma obra feita ao cabo
Da malvadez de um homem do diabo.
Ângelo Augusto