Soneto XII (Fascite Necrosante)
A minha pele rasga-se e debaixo
Dessa epiderme pálida que tenho
Vejo a matéria estéril de onde venho
A expor-me a condição onde me encaixo.
Aguarda-me amanhã um negro faixo
Que nublará meus olhos e o que tenho
Será comido pelos vermes que desdenho
Em meio à podridão que me rebaixo,
Mas cala-me a narcísica vaidade
De ver que numa única ferida
Há toda essência da efemeridade
E a química da carne apodrecida
Será pra sempre a única verdade
Depois que eu já não pertencer à vida