ESPELHO
Vês a sua frente imagens distorcidas
Daquelas que em sua juventude vias,
Como se viessem de díspares estradas,
Donde vinham e a quê, sequer sabias...
Figuras toscas, enrugadas e envelhecidas
Como se guardadas na gaveta do tempo,
Espalhadas por sobre sua superfície lisa,
Refletidos nos parcos e grisalhos cabelos.
E a cada dia que passa esse miserável espelho,
Transluz em detalhes o que tentas esquecer,
E que ainda que tente, não consegues detalhar...
Nas dores intermitentes, nas imagens distorcidas
Que seus olhos associam, no tremor dessas mãos,
E nas lembranças fugidias de um sofrido coração.
Urias Sérgio de Freitas.