Soneto para uma flor
 
Beleza que não cabe num poema
Nem nas canções ou crônicas extensas.
Cores suaves ou fortes. Serena
Púrpura de mulher tão bela e intensa.
 
Caprichosa, envolvente, assim manhosa
Emerge de mansinho e expõe-se tanto!
Coroada fugaz rainha airosa
No trono de algum reino sacrossanto,
 
Bem cedo se recolhe em longa ausência.
Como a gata carente então reclama
Afeto em mentirosa sonolência.
 
Com o garbo lembrando ciconídea,
A flor de um novo ciclo ela proclama.
A orquídea é uma orquídea é uma orquídea...


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N. do A. 1 – Na tentativa de atribuir ao mistério dos mistérios a beleza e a magia única da flor retratada, na última linha do soneto, sem pudor nenhum, o autor parodia o célebre e enigmático verso da escritora americana Gertrude Stein (1874 – 1946) no poema Sacred Emily: Rose is a rose is a rose is a rose.
 
N. do A. 2 – Na ilustração, imagem de um belo exemplar de orquídea da coleção do amigo e orquidófilo Pedroair José Buest.
João Carlos Hey
Enviado por João Carlos Hey em 17/08/2014
Reeditado em 25/03/2021
Código do texto: T4925934
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