Soneto da tua amargura
Ó fado sublime, musa da inquietude,
por que hei de sonhar-te tão distante
se na dor da líra, o amor conjuro ante
a roubar dos meus anos, a juventude?
por que tragas leviana um tanto a virtude
e profanas o porvir, o idóneo amante?
por que tramas a ternura, o vil instante
se a nódua da insensatez, a vã atitude?
Louva-te a vaga deste ébrio instinto
que a nau sombria, banha o pensamento
a consumar o alívio, doçura do teu agrado;
Resta-me a recordação, o súbito tormento
paupar a face terna, pranto alheio que sinto,
Preço da tregua de viver por ti amargurado!
9 de agosto de 2014.