DIVAGAÇÃO


Para falar da dor, uma palavra: basta!
Mas ao falar de mim, confesso que não sei,
Se aquela que busquei foi pecadora ou casta,
Contida ou arrojada, em vidas que sonhei.

Ao se falar do amor, despreze-se à Jocasta
Que ao filho se entregou, desrespeitando a Lei
E a sorte lamentou, na sina tão nefasta.
Eu já não sofro a pena, a sorte revirei:

Em busca da Palavra, eu sigo vida afora
E já não tenho filho ou homem que me atarde,
Não creio na ilusão, nem Édipo me castra.

Das vinhas colher mel, é o meu desejo agora
E ao mestre tão atento, eu digo com alarde:
- Na fala do Poeta, há um sonho que se alastra.


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