JANELAS

Nessas janelas, o tempo dispara:

já me brindou com as manhãs amenas

dando passagem às brisas serenas;

lembranças que, com nada, se compara

Nessas janelas, o vento não para:

soprando o peso das coisas pequenas

deixou-me só o que importa; apenas

o que à alma é ternura e o que sara

Essas janelas que já viram tanto;

tristeza, amores, choro, riso, pranto

hoje me mostram, do rumo, o centro:

Por fora, vemos mas não enxergamos

e, quando isso, mais nos dispersamos;

chegou a hora de olharmos pra dentro...

JANELAS - Lena Ferreira –