Soneto da tua ingratidão

Quantas vidas errantes me dava

quando tu me olhavas e sorria,

quantas mortes letais me matava

quando teus olhos aflitos eu via

quantas dores a noite me atava

e a trégua insana, de pé me feria;

quanta fúria cega me sangrava

mas teu corpo enxuto me mantia

Se a penúria de não mais existir

for a sina desta tua vaga ingratidão,

meu peito traga o luto de viver

onde jamais lhe tivesse visto;

que alma nenhuma soube sentir:

deixe-me a gloria, - a tua solidão!

02 de agosto de 2014

Jairo Araújo Alves
Enviado por Jairo Araújo Alves em 06/08/2014
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