Sonho perdido
Eu era tão feliz, inocente, uma criança,
não sabia ainda que a vida machucava,
e vivia risos e sonhava sonhos de bonança;
adormecia em doce seio que me amava.
Um dia ouvi uma voz tão terna e mansa
que, em cânticos, as flores me mostrava
de um caramanchão coberto de espinha brava
e eu feliz, sem medo, carregava a esperança.
Aquela mão amiga me livrava dos espinhos
daquela estrada; era um sonho colorido.
E aprendi a ficar só; afastou-se o Querubim.
Hoje, no meu andar errante, vou sozinho
mesmo me sentindo assim meio perdido;
e nunca mais ouvi a voz cantar pra mim.