SONETO DESVENTURADO


Quê ficou de nós, senão a mágoa?
- A alma em lamentações... Dolorida -
Em dores, em pranto, em choro, entristecida.
Essa coisa ruim que em nós deságua.

Quê ficou-nos... Senão a chaga?
- Como à ferro e a fogo... Inserida -
Como nos houvesse de ser a vida
Que por vezes maltrata, ou não afaga.

Ficou-nos, tão somente, a lembrança.
A saudade plasmada em ressonância
Do que não desejávamos... E ficou,

A lembrança de quando nós fomos
Em amor. - Que por vezes juramos -
E sem quê, nem porquê... Acabou!


                         Puetalóide


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INTERAÇÃO



Olha atentamentr para trás,
Se ficou mágoa, ficou muito mais...
Ficou-nos a lembrança doce e pura
De tudo o que um dia partilhamos.
Ficaram os meus beijos, as tuas juras,
A certeza do quanto nos amamos!
Se ficou na alma tatuada
A mais dolorosa das feridas,
Também ficou a áurea iluminada
Do amor que uniu as nossas vidas.
Tu valorizas o que nós perdemos,
Eu, tudo aquilo que nós vivemos,
Que foi muito mais riso do que pranto!
Talvez, por nos amarmos tanto,
Não soubemos evitar ressentimentos,
E esse amor tão lindo fracassou...
Mesmo assim, ainda me contento
Co'a certeza que é meu alento;
Por ter amado quem tanto me amou!

                         Sonia Villarinho



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O DIA EM QUE TE VI



Desde o primeiro dia em que te vi
Tudo em mim de repente se fez festa
Hoje em desventura minh'alma contesta:
Como poderei eu viver sem ti?

Música da festa... eu não mais ouvi
Nos embrenhamos em escura floresta
De mágoas... chagas... Pranto é o que nos resta
Sofreste... mas também quanto sofri!

Nas lembranças de meus sonhos dispersos
Incessante busco... apagar a dor
Pra inda agora te afagar... em meus versos

Não creias, amor meu, que estaja a flor
Nula... por ventos e toques diversos
Das cinzas renasceremos em cor!...

                         Esther Lessa


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DOCES LEMBRANÇAS



Já esqueci seu nome, mas não seu perfil,
Esqueço quem sou, preso às lembranças.
Jamais finda o beijo, ou minha esperança,
No sonho sem fim, dum apaixonado servil.

Revivo com perfeição o calor dos abraços,
Tempestade de desejos, e ainda contidos,
Esperando a hora certa, pra serem vividos.
Foram-se tantos anos, que sinto cansaço.

Nada mais restaria, dum amor consumado,
Que o destino bruto tão bem o preservou.
Esperei na igreja, alguém que não chegou.

Entendi seus motivos, e embora revoltado,
Segui meu caminho, que apenas me levou,
Com doces lembranças, pra não ser o que sou...

                         Jacó Filho



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HOJE LEMBRANÇAS NADA MAIS


Ah, como maltrata saber, quanto dói
um tão imenso, tão desesperado amor
hoje sob cinzas, aos poucos se destrói,
sem mais nada, mais qualquer calor...


Não posso me esquecer quando
a vida para nós era um afago.
Quantas juras... promessas... amando
planos que feneceram num apago.

E hoje essa chaga a tudo devora
o peito, a alma, o sofrido coração
num triste lamento que outrora

num passado ainda tão recente
foi a mais sublime, a mais terna canção
de amor. Hoje... lembranças... simplesmente!

                         Simplesmente Romântica