CÍLIO PEDESTRE
Tenho a alma amortalhada de rígida morte,
E na inquietude lírica o meu mal arfante
Debruça-se na névoa cálida e distante
Que o cílio já pedestre a semente comporte!
E no vácuo penar a sombra vil exporte
O fremente e lascivo pilar rasurante,
E sobre a alva inocência mais dilacerante
Premeio a tal moldura de fanada sorte.
No campo sútil de ar atômico suspiro
Como langor demente da clemência gasta,
Vigoro a mente tênue super engrenhada!
E no esparso e letal receio mais insiro
A contemplar volúpia sonora e nefasta
Do transversal intento da alma emaranhada.