CÍLIO PEDESTRE

Tenho a alma amortalhada de rígida morte,

E na inquietude lírica o meu mal arfante

Debruça-se na névoa cálida e distante

Que o cílio já pedestre a semente comporte!

E no vácuo penar a sombra vil exporte

O fremente e lascivo pilar rasurante,

E sobre a alva inocência mais dilacerante

Premeio a tal moldura de fanada sorte.

No campo sútil de ar atômico suspiro

Como langor demente da clemência gasta,

Vigoro a mente tênue super engrenhada!

E no esparso e letal receio mais insiro

A contemplar volúpia sonora e nefasta

Do transversal intento da alma emaranhada.

Ângelo Augusto
Enviado por Ângelo Augusto em 27/07/2014
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