O pote de ouro
No fim do arco-iris, conta-nos a lenda,
aguarda por nós um pote de ouro,
mas é vigiado pelo mau agouro
que nos barra a entrega da encomenda.
Há no fundo de cada poema um poço
onde empenham-se álacres amores,
e como em velhas lojas de penhores
cada devedor deve até o pescoço.
Se por vezes nos parques há barracas
onde se pescam bolas e bonecas,
há pela vida em campos e charnecas,
só ilusões cravadas em estacas.
Nós queremos partir e, no entretanto,
resta-nos sofrer ainda um outro tanto.