"DESAR"
Musa provedora de toda desventura,
Grande colhedora perversa de pranto,
Me envolves com o teu negro manto
E não te apiedes, não, desta criatura.
Sou a fria cria de um aborto complexo,
Tendo vivido até hoje em tenaz agrura,
Filho ausente da doce brandura
Sem prumo, sem rumo, sem nexo.
No viço blasonei, agora, tíbio me vejo,
De tudo que fui... Nenhum lampejo!
Que me valeu o ego? A soberba? Se dentre...
Os mortos, em breve eu serei contado
E para sempre estarei amantelado,
Ó morte, na terra, em seu ventre!