A SOMBRA DOS PÁSSAROS

Beto Machado

A revoada canora cobriu do céu azul

Toda a beleza que o verão expõe

E até o horizonte sinuoso entre o céu e a montanha

Aproxima-se dos olhos dos que buscam o sul...

E o murmúrio do cantar dos passarinhos

Traduz a sombra por seus corpos produzida

Sobre a gente, sobre os vales, sobre os rios

E sobre os contumazes ecos-homicidas,

Portadores de mentes putrefeitas,

Alimentadas com fumaças e deslizes,

Indiferentes ao sofrer de outras vidas

Como as que, agora, voam fugidias

Do seu habitat, sem rumo, sem destino,

Ao sabor da sorte seja noite, seja dia.