SONETO SEM VERBOS
Substância do amor, divina seve,*
Provisão salutar da minha pena;
No semblante gentil a mais amena
Alvura glacial da branca neve.
Cabelo cor da noite, liso e leve,
Perfil encantador, vista serena,
Esbelta, seio rijo e mão pequena,
A boca escultural, sorriso breve.
Palmeira adolescente, linda palma,
Nascida noutros ares, noutros climas,
Fonte pura da mais quieta calma.
Videira pronta já para vindimas,
Encanto divinal da minha alma,
O lirismo febril das minhas rimas!
*Galicismo: seve - seiva.