CENAS DESFOLHADAS

Desfolha cenas delicadas da lembrança,

aquelas de ave ao céu em dia ensolarado,

e as lança à frente, ao seu caminho irrevelado,

na crença tola de abrandar o após que avança.

Mas desfolhadas cenas, baças de indolência,

estão cativas à exaustão de acontecidas,

paralisadas no passado, escurecidas

e se ressecam de apagada resistência.

E cada cena reduzida a seca folha

é pisoteada pelo atroz ladrão de escolhas,

o tempo afoito condutor de tudo ao fim.

Enquanto amarga às más amarras da saudade,

é cego às cenas das palpáveis realidades,

nem vê que o filho brinca alegre em seu jardim.

Marco Aurelio Vieira
Enviado por Marco Aurelio Vieira em 16/07/2014
Código do texto: T4884390
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