CENAS DESFOLHADAS
Desfolha cenas delicadas da lembrança,
aquelas de ave ao céu em dia ensolarado,
e as lança à frente, ao seu caminho irrevelado,
na crença tola de abrandar o após que avança.
Mas desfolhadas cenas, baças de indolência,
estão cativas à exaustão de acontecidas,
paralisadas no passado, escurecidas
e se ressecam de apagada resistência.
E cada cena reduzida a seca folha
é pisoteada pelo atroz ladrão de escolhas,
o tempo afoito condutor de tudo ao fim.
Enquanto amarga às más amarras da saudade,
é cego às cenas das palpáveis realidades,
nem vê que o filho brinca alegre em seu jardim.