BESOURO DOURADO
Odir Milanez
Um besouro bonito, cor de ouro,
matei nesta manhã. Sinto-me falto.
De crosta crua, forte como um touro,
atropelei-o, à toa, sobre o asfalto.
Jamais me vi na morte de um besouro,
nem me vi vitimá-lo; olhava o alto
da passarela à frente. Ouvi-lhe o estouro
que me guiou à guia, em sobressalto.
De seu corpo, ao pneu, preso o ressalto.
Ceifar de um ser a vida! Esse desdouro
beira à bala perdida, após assalto.
Da sorte a me sentir um sorvedouro,
a mim mesmo condeno e aos céus exalto
um besouro bonito, cor de ouro!
JPessoa/PB
14.07.2014
oklima
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Sou somente um escriba
que escuta a voz do vento
e versa versos à vida...
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