ESCREVER ME BASTA!
Qualquer coisa penso, às vezes em fazer;
Mas quando vou fazer, logo me chateio;
Pois não queria fazer o que pensei, creio;
Então faço o que me dá prazer: escrever!
Fiz tanta coisa, mas só com algum prazer;
O que fiz, sem me aprazer, ocorreu enleio;
Sim, faço algo, porém escrevo de permeio;
Se não escrevo, sinto o pesar do desprazer.
Já não faço tanta coisa. Escrever me basta!
O pouco que faço é com a luz do amor acesa.
Se fizer algo sem amar minha vida desgasta.
Faço o que agrada a minha íntima natureza.
Se for para escrever, sem nutrir-me do amor
Que emana da escrita, deixo de ser escritor!