TEMPO DE SORTILÉGIO * O elogio da Mãe

Que dia pode haver que te consagre,

se há tanto os dias todos já são teus?

Se todos nós, quer crentes, quer ateus,

em ti reconhecemos o milagre?

Teu ventre é o sacrário da promessa

que sempre, imperecível, é cumprida,

na vida que se dá de novo à vida,

num hino de louvor que nunca cessa.

O teu regaço terno embala o mundo,

o mundo que te esquece e que se perde

na horas em que mais de ti carece.

Do céu azul ao pélago profundo,

do luto preto à esperança verde,

até ausente, és tu quem permanece.

Viana do Alentejo * Évora * Portugal

José Augusto de Carvalho
Enviado por José Augusto de Carvalho em 14/05/2007
Reeditado em 30/12/2018
Código do texto: T487093
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