O cume da ironia
Criança sempre pensa ser um deus,
Mas fica adulto e nota que não é.
Então escolhe um deus para ter fé,
Até sentar-se à roda dos ateus.
Prossegue, faz esforço, firma o pé;
Inventa algum romance de Romeu,
Porém vai se vender para os pigmeus
Cuspindo nos portões da Santa Sé.
Descobre que na vida tudo passa,
Leva consigo as chagas da desgraça
E não encontra um riso por remédio.
Retorna, então, à casa onde vivia
Para escrever o cume da ironia:
Depois de uma oração pula do prédio.