O SOL DO CORAÇÃO DESCRENTE
Saltitam assanhadas ilusões
por sobre o coração descrente e triste;
as doidas disputando aos bofetões
o mínimo de sol que nele existe.
Um sol que de sedento bebe a luz
de sua própria essência quase morta,
cativo em coração ardendo à cruz
talhada na derrota em farpa e torta.
As bobas ilusões teimosas, chatas,
inchadas de artimanhas inexatas
insistem apressadas, vendavais.
Porém é inútil tanto empenho urgente
ao coração que, de penar frequente,
não livra o sol do escuro nunca mais.