Sossega, mente!
Não sossega a minha mente, como bole
Me perturbando para que eu faça soneto
Vou lhe enrolando, enrolo e não prometo;
Digo-lhe: Já temos dois mil. É mole?
Mas esse argumento ela não engole
Quer que façamos mais, ela é doente
Por fazer versos e me põe na frente,
Eu já nem durmo, quer que eu me esfole.
Sua desculpa é que eu pense no após
Que ao morrer devo deixar muitos escritos
E para atendê-la mato cachorro a gritos
Até minhas calças apertei três vezes o cós.
Matar-nos pra encher de versos o papel?
Amanhã irão rolar por aí ao léo.
Josérobertopalácio