REVELADA

Eu que fui de sonhos fui raptada,

E com marcas d’alma lanhada

Pungida de dores, com ferros em brasa

Rasgando-me o peito, que o coração despedaça

Perdida num vão, à beira da vida

Sem rumo e sem chão, tal qual desvalida

Mendiga de amor, de sonhos, de tudo

Desfeita, em torpor e medonho cabrunho

Em miríades vieste, coroado guerreiro

Em tuas mãos como alfanje, o bálsamo salgueiro

E tiraste de mim, a febre, a dor e todo mordunho

Agora sou livre, e por sonho liberta

Descubri a verdade da qual nunca fui certa

Que minh’alma dormia, e que agora desperta!