AD PROFUNDIS
Escriba das dores, poeta do tormento
Que em versos tristes se enreda,
Traze pra tua vida as flores,
Esquece a mágoa e desabraça a queda.
Embeleza teu jardim de cores, com as quais conjugas
A linda flor e a arisca fera, colore tudo
Até que já não sintas, da covarda fuga
A dor profunda, que com a pena tu arremeda.
Bem mais tarde, quando já não fores
Da luz a sombra, nem d’alegria ocaso
E já purgado de todo o lamento
Vibrarás com vida e te rirás sabendo,
Que dos sentimentos vivos
A amargura é deles o mais raso!