A bebida e a desculpa
E lá está ele na mesa sentado,
Tendo como companheiro um copo de cachaça.
Porém nada mais faz sentido ou tem graça
‘ Inda mais pelo motivo de estar ali, contristado.
O coração despedaçado, a bruta saudade,
A solidão que há muito lhe surra o peito,
E nada que tende a fazer dá jeito
De desvencilhar-se da imensa ansiedade
Que agora faz parte do seu cotidiano,
O vazio da amada que partira para sempre
E que em agosto completará ano.
Antes de ir, ele entorna por duas vezes a bebida
Que parece afogar a mágoa como engano.
Amanhã voltará. Novamente beberá como desculpa descabida.