Armadilhas
Vai-se o tempo costurando suas teias
tal tecem armadilhas as aranhas;
há que ter excelência em artimanhas
para o couro não ter feito em correias.
Para sermos nós, de tais façanhas,
meros heróis de cantos de sereias,
sonhos e sombras nutrem nossas veias
e nossos corações pulsam barganhas.
Tracejados em estradas estranhas,
somos essa luz baça das candeias,
e como velhos carroções de aldeias,
arrastamos nossos aboios e manhas,
e buscamos no fundo das entranhas,
nossas sobras de lamas e de areias.