CORDÃO INFINITO

Puxando o cordão dos pensados projetos

que nunca pisaram no chão realidade,

austeros estares por entre concretos,

me assusto embolado em cabal nulidade.

No acúmulo imenso do ríspido fio,

descubro, surpreso, imbecil e medroso,

o tanto de espaço que ocupa o vazio,

eu todo entrançado ao cordão desonroso.

Paixões, covardia, preguiça, temores,

e quanta arrogância, ilusões, desamores

marcaram as fibras em doido roer...

Espera; me acende um corisco bonito;

percebo que neste cordão infinito

realizo o melhor dos projetos: viver.

Marco Aurelio Vieira
Enviado por Marco Aurelio Vieira em 25/06/2014
Reeditado em 25/06/2014
Código do texto: T4857879
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