Ser terreno

Quem poderei dizer que sou, se nada

Da minha pele restará um dia?

Posso dizer que sou a poesia

Que vai surgindo desparafusada?

Posso, sem fé, dizer que sou a fria

E podre carne pela terra untada?

Posso dizer que sou a anomalia

Da humana célula recém-podada?

Posso dizer e posso dizer tudo,

Porém se eu digo ou se prossigo mudo

Nada no mundo será tão pequeno,

Será tão feio e será tão medonho

Será tão sujo e será tão tristonho

Quanto o meu pobre e fraco ser terreno.

Joaquim Da Luz
Enviado por Alex Olliveira em 23/06/2014
Reeditado em 01/07/2014
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