Ao Fim da Tarde
Cada dia que morre ao pôr do Sol
Deixando a mancha escura no estofado,
Eu coloco num frasco rotulado
E guardo na clausura dum paiol,
Onde enumero num sinistro rol
Essa unidade morta de Passado
Como um feto disfórmico abortado
Que se estuda metido no formol.
Então olho as fileiras calendárias
E sinto as aflições (como são várias!)
Não tendo uma esperança que me guarde.
Oh! vida! Oh! vida! Oh! círculo medonho
De sempre levantar com novo sonho
E fichar seu defunto ao fim da tarde!