niente





Quem dera eu fosse, ou quase, um poeta,
dos que constroem altivos sonetos,
e não um verso em estrofe tão pateta,
que termina querendo falar dos ventos.

Ventos que mudam, e mudam, a direção
dos sonhos, das cores, dos lugares,
mas mal fazem cócegas ao coração,
afogado no mais profundo dos meus mares.

Quem me dera outras rimas, menos manjadas,
versar sobre os tombos, escrever mais piadas...
Mas a noite acabou, acabou de novo, e preciso dormir.

(E se eu escrevesse uma obra, prima, aclamada,
a trocaria pelos ombros de qualquer outra estrada
que me desviasse dos futuros que já perdi.)





 
30/5/2001
Lucas de Meira
Enviado por Lucas de Meira em 19/06/2014
Reeditado em 11/03/2015
Código do texto: T4850799
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2014. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.