DOIS RIOS

É no calor de tua pele urgente,

que abraso o mundo de invernias brutas

do tudo em mim, do oculto ao aparente,

e me abro à fome com que me desfrutas.

Neste balanço de cordão vibrante,

eu me bambeio ao gozo a que me incitas,

do cerne ao cabo; livro as mais bonitas

vontades presas em recato arfante.

O sentimento assim, desarvorado

dilui-se ao corpo e avançam no encantado

das sensações que fazem vida haver.

E ao conceder-te meu fecundo rio,

me recompensas, dando o poderio

entre a nascente e a foz de teu prazer.