O CORDELISTA

Cordel desengonçado, falsa lira,

Fiasco do “repente” repertório,

Refrão de ladainha em velório

Que o violeiro o mote já não tira.

‘Inda que por intento adquira

A precisa dosagem em consultório,

Toma o demente a droga em sanatório

E, pensando no claustro, para e pira.

Mas não sabe o incauto cordelista

A mesura da glosa e, em poemeto,

Tresloucando o cordel dá-se por isto:

Ele faz poesia alienista.

Transgride o decassílabo em quinteto,

Xinga o inimigo e prega Jesus Cristo.

Kaiomonteverde
Enviado por Kaiomonteverde em 15/06/2014
Reeditado em 15/06/2014
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