O CORDELISTA
Cordel desengonçado, falsa lira,
Fiasco do “repente” repertório,
Refrão de ladainha em velório
Que o violeiro o mote já não tira.
‘Inda que por intento adquira
A precisa dosagem em consultório,
Toma o demente a droga em sanatório
E, pensando no claustro, para e pira.
Mas não sabe o incauto cordelista
A mesura da glosa e, em poemeto,
Tresloucando o cordel dá-se por isto:
Ele faz poesia alienista.
Transgride o decassílabo em quinteto,
Xinga o inimigo e prega Jesus Cristo.