SONETO I (tradução do Sonnet I de Shakespeare)

Dos seres mais bonitos, desejamos

que os frutos da beleza permaneçam

p'ra que, morta a raiz, em verdes ramos,

do gérmens desses frutos, novos cresçam.

Mas tu, que atentas para ti somente,

te alimentando do teu próprio ser,

passas fome onde sobra e, torpemente,

a ti mesmo ignoras sem saber.

Tu, que és do mundo um prêmio em esplendor,

capaz de anunciar mais primaveras,

tens cortado o prazer ainda em flor

e, na avareza, nada belo geras.

Piedade já do mundo, ou coma, então,

junto da sepultura o teu quinhão.

Kleiton Muniz
Enviado por Kleiton Muniz em 15/06/2014
Reeditado em 20/02/2017
Código do texto: T4845228
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