SONETO I (tradução do Sonnet I de Shakespeare)
Dos seres mais bonitos, desejamos
que os frutos da beleza permaneçam
p'ra que, morta a raiz, em verdes ramos,
do gérmens desses frutos, novos cresçam.
Mas tu, que atentas para ti somente,
te alimentando do teu próprio ser,
passas fome onde sobra e, torpemente,
a ti mesmo ignoras sem saber.
Tu, que és do mundo um prêmio em esplendor,
capaz de anunciar mais primaveras,
tens cortado o prazer ainda em flor
e, na avareza, nada belo geras.
Piedade já do mundo, ou coma, então,
junto da sepultura o teu quinhão.