Soneto para um mendigo
Soneto para um mendigo
Este ar condicionado queima ozônio,
o que me deixa muito confortável.
A troca do seu filtro é razoável,
Contudo altera meu bel patrimônio.
Daqui de cima vejo o miserável,
meu aparelho urina no seu sono
dorme calmo, sonha em seu abandono,
seu descanso se torna vulnerável.
Vive em dependência da caridade,
Quando ganha uma boa esmola, come,
Corre cantando de felicidade.
Dormindo sob pingos fica com fome,
Perambula triste pela cidade.
Será que a isso se resume o homem?
Lacy