Soneto sensual
Ó pele, censura das almas,
Ignora hoje tuas razões e permite
Que minha boca ao formão imite
Esculpindo-a com meus dentes...
Ó furor tátil resguardado nas palmas
Das mãos teimosas que o Eterno me deu
Nas curvas em que tua sanidade perdeu
Há um silencioso gemido estridente!
Há uma ruína secreta nas digitais dos amantes,
Um desespero inexplicável nos olhos de quem sorri,
Um amargor súbito nos beijos demorados...
Queria eu ter os mesmo dedos de antes,
Os mesmos olhos com os quais te vi,
Os meus lábios aos seus ainda entrelaçados...