A Dor
Ouvi-os! Fósseis lacrimais à mente
Nos mortos acres do encéfalo esguio,
Todos embebidos no absconso rio
Onde ermamente é vista toda gente
Frio e vago num eclipse pungente
O pranto desce num cordão hostil
e a dor cavada num orgão bravio
não mais que a dor daquele que a invente
A dor, chocalho de dentes, suspiros...
A face augusta duma indiferença
O Festim do caos escrito em papiros
Urna de um sequioso ardor fecundo
Loucura funérea, atroz, imensa:
A dor talvez seja a visão do mundo