A Dor

Ouvi-os! Fósseis lacrimais à mente

Nos mortos acres do encéfalo esguio,

Todos embebidos no absconso rio

Onde ermamente é vista toda gente

Frio e vago num eclipse pungente

O pranto desce num cordão hostil

e a dor cavada num orgão bravio

não mais que a dor daquele que a invente

A dor, chocalho de dentes, suspiros...

A face augusta duma indiferença

O Festim do caos escrito em papiros

Urna de um sequioso ardor fecundo

Loucura funérea, atroz, imensa:

A dor talvez seja a visão do mundo

Heitor de Lima
Enviado por Heitor de Lima em 09/06/2014
Reeditado em 12/06/2014
Código do texto: T4838722
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