DESENHOS CORTADOS
Em tiras cortadas, jogadas no chão
da casa em que mora o mais fundo de mim,
desenhos singelos do meu coração
se entregam à edaz ventania sem fim.
É a vil ventania faminta do não
que empurra, que suga pozinhos de sim
buscados em cantos, da laje ao porão
e os lança ao quintal, no mortiço jardim.
Os ledos desenhos cortados do bem,
levados com pós positivos ao léu,
no morto jardim são lançados também.
Então, os desenhos replenos em cor
se soltam das tiras de opaco papel
e cobrem a terra inteirinha de flor.