A MENDIGA
Nem fagulha de alguma energia
insistindo em lançá-la adiante,
mas resiste a mendiga vazia
de esperança, fadinha farsante.
Nas calçadas, procura alimento
em migalhas e sobras da rua,
mas, bem sabe, só viça o sustento
germinado na víscera crua.
Acontece que é tudo infecundo
dentro em si, no recôndito imundo
de seu brio, sentido e emoção.
Sobrevive imergindo-se em nada
minha pobre paixão rejeitada,
a mendiga do meu coração.