A MENDIGA

Nem fagulha de alguma energia

insistindo em lançá-la adiante,

mas resiste a mendiga vazia

de esperança, fadinha farsante.

Nas calçadas, procura alimento

em migalhas e sobras da rua,

mas, bem sabe, só viça o sustento

germinado na víscera crua.

Acontece que é tudo infecundo

dentro em si, no recôndito imundo

de seu brio, sentido e emoção.

Sobrevive imergindo-se em nada

minha pobre paixão rejeitada,

a mendiga do meu coração.

Marco Aurelio Vieira
Enviado por Marco Aurelio Vieira em 06/06/2014
Reeditado em 09/06/2014
Código do texto: T4834579
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