Exéquias
Como um morto-vivo desisto de ser,
Não há por dentro mais nada que eu
Tenha por outro, tudo é apenas meu;
Devo minha velha essência dissolver.
E que culpa tenho se o amor morreu?
Hoje vejo que ele nem veio a nascer,
Foi apenas ilusão todo aquele ferver,
Desvelado quando caiu de vez o véu.
Só por certo tempo moribundo fiquei,
Mas qual ente não ficaria desse jeito?
Pois contra minha consciência pequei!
Mas como agora o enterro eu já aceito,
Encaro o destino que eu não supliquei,
Preencho de vez o buraco de meu peito.