AMOR ESTRANHO

Os beijos loucos que os amantes dão

Nas bocas de desejo tão faminto,

Não são mais do que puro e mero instinto,

Como a zanga de um gato por um cão!

Se na mão um segura de bobão

E está pedrado pelo vinho tinto,

Não se dá conta do calor extinto

E logo tomba como um borrachão.

E se um diz que ama muito eternamente,

O outro também o diz, e não retira,

Eis a grande ilusão de falsidade!

E assim se vão amando como gente,

Um de verdade e o outro de mentira,

Na efémera e mortal felicidade!

Ângelo Augusto

Ângelo Augusto
Enviado por Ângelo Augusto em 31/05/2014
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