AMOR ESTRANHO
Os beijos loucos que os amantes dão
Nas bocas de desejo tão faminto,
Não são mais do que puro e mero instinto,
Como a zanga de um gato por um cão!
Se na mão um segura de bobão
E está pedrado pelo vinho tinto,
Não se dá conta do calor extinto
E logo tomba como um borrachão.
E se um diz que ama muito eternamente,
O outro também o diz, e não retira,
Eis a grande ilusão de falsidade!
E assim se vão amando como gente,
Um de verdade e o outro de mentira,
Na efémera e mortal felicidade!
Ângelo Augusto