O canto hereditário

A Wilson Vieira,

grande poeta e avô

que nunca conheci.

Vejo na estrada dúbia, estrada ouvida,

Roxas olheiras nesta carnadura

Íntima de teus olhos e esta dura,

Quase dantesca síntese da vida.

No todo, o clima de uma fé falida

Mostra-nos a expressão senil da cura:

A mente tua às margens da loucura

Na luta tresloucada foi vencida.

E mesmo a dor já se tornando física,

Volveu comboios desta tua tísica

Posição esculpida de resquícios.

E mesmo a morte te ceifando o pulso,

Passos depois num unânime e alto impulso

Todos te clamam pelo teu ofício!

Heitor de Lima
Enviado por Heitor de Lima em 28/05/2014
Reeditado em 17/12/2014
Código do texto: T4823884
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