O canto hereditário
A Wilson Vieira,
grande poeta e avô
que nunca conheci.
Vejo na estrada dúbia, estrada ouvida,
Roxas olheiras nesta carnadura
Íntima de teus olhos e esta dura,
Quase dantesca síntese da vida.
No todo, o clima de uma fé falida
Mostra-nos a expressão senil da cura:
A mente tua às margens da loucura
Na luta tresloucada foi vencida.
E mesmo a dor já se tornando física,
Volveu comboios desta tua tísica
Posição esculpida de resquícios.
E mesmo a morte te ceifando o pulso,
Passos depois num unânime e alto impulso
Todos te clamam pelo teu ofício!