DESERTO

Por que tu me cravaste este punhal perverso
Que punge o coração, espalha o desalento?!
Num mar de desespero agora estou imerso
Sentir a tua ausência é meu pior tormento

Queria te abraçar, de novo estar bem perto
Do riso angelical no qual, dorido, penso
Vagando n'aridez deste infeliz deserto
Mais tempo não resisto... Ah, que amargor imenso!

Há trevas, soturnez... Abandonado, choro
Por isso, meu amor, o teu regresso imploro
A cada noite aumenta o lancinante drama

Sofrendo vivo... Enfim, lamento meu castigo
Tu queres que sufoque o grito e não consigo
Insisto enquanto arder em mim aquela chama