SONETO DE CRUCIS
Já contra mim a multidão murmura...
E esse clamor injusto eu não mereço;
Transformam meu prazer em amargura,
E talvez achem pouco o que padeço.
Que digam mal de mim com boca impura!
Sorrio indiferente e a injúria esqueço.
Se o milagre de um bem nem sempre dura,
Não há mal que avante siga sem tropeço.
Se o Cristo que foi santo, humilde e puro,
Morreu preso a uma cruz com perjuro,
Ao riso vil da turba maldizente,
Por que eu que tantos erros fiz na vida,
Quero escapar serena e inatingida,
Do tribunal ferino dessa gente?