A Morte do Lírico
Um certo dia de segunda feira, decidi me deslocar ao centro de São Paulo para fazer uma inscrição para o curso de letras ( minha futura empreitada acadêmica). No impulso ou entusiasmo do novo estudo, e o vicio que me atrai aos livros, entrei num sebo ali por perto da faculdade. Vasculhei, vasculhei até que encontrei um titulo que me interessou: O Livro do Desassossego, do escritor português Fernando Pessoa. Uma obra interessantíssima no qual o autor faz uma profunda analise critica e filosófica do "ser", do comportamento, das reações humanas. Uma analise muitas vezes dura por seu aspecto estremo da racionalidade. Ao chegar ao fragmento 303 do livro, me inspirou o soneto " A Morte do Lírico".
Foi ao findar da noite
Ainda no véu escuro da ilusão
Adormeceu toda inspiração
A poesia calou-se
Abandonou a escrivaninha
Ajeitou a gravata
Vestiu um velho terno
Rabiscou os últimos versos:
“Destituído da alegria
Cansado dos versos tristes
Aqui Jaz um poeta”
E cravou sobre a lápide:
“Nas asas dos anjos foi-se o lírico”
Pois abriu-se a porta da realidade