(... e as terças feiras continuam...)




EXÍLIO

 
Foi numa terça-feira exactamente
Que há oitenta e um anos no Lajedo
Chegou chorando e só neste degredo
Minha alma peregrina e descontente...
 
Chorava do exílio o mal presente
Chorava do futuro incerto o medo
E do passado incógnito o segredo
Que ainda hoje chora amargamente.
 
E foram indo e vindo as terças-feiras
Multiplicando dores e canseiras...
Já lá vão quatro mil... e inda não sei
 
Donde vim, porque vim, nem onde vou!
Só sei que deste exílio aonde estou
Eu vou partir tão só como cheguei.