SONETO VISIONÁRIO

Pelas dores dos loucos diluídos

pelas lágrimas ínfimas da desgraça

pelo lampejo inerente da cachaça

pelos lânguidos esguichos desmedidos.

Pelos medos inchados de trapaça

pelos tons oitavados e torcidos

pelos nomes de fama, denegridos

pelos bancos maciços de uma praça.

Pelo escarro precedido por um beijo

pela tangente amputada do desejo

pela fome de um sexo sem ardor.

Pelas marcas de suga ou de porrada

pelos crimes que piram a madrugada

pelas palavras deste soneto sem valor.

(Linaldo Oliveira

- Livro REBENTO & REFLEXIVO

- Pág.: 65 (1993))