LOUCURA DE OFÉLIA

Já não tenho mais teto. Chão desconheço. Vago no abismo.

O abismo desvairado, informe, asfixiante e sublime.

Sublime, pois ao vagar, não tenho em mim a existência,

Ser que não sabe dividir o abismo com a minha loucura.

Impossibilitada de ceder à existência, a totalidade

Dessa matéria que os vermes ainda hão de comer,

entrego o corpo e a alma à loucura. O coração não.

O coração foi arrancado de mim. Vejo-o nos seus dentes.

Entre penumbras, sendo ligeiramente clareado, evidenciando

o que você ingeriu: ódio, vingança, amor e meu coração.

Sendo eu a parte sublime da minha loucura, não interessa

a mim viver entre os sãos. No abismo também há seres.

Eles tinem meu nome, como frescas águas “Ofélia, Ofélia...”

Eu me desmancho e viro oceano. E viro abismo.

Dani Olívia

Dani Olivia
Enviado por Dani Olivia em 12/05/2014
Código do texto: T4804323
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